13 de abr. de 2010

Feira do Livro de Joinville (Agradecimento)


Momento de descontração e entrega dos trabalhos feito em sala de aula.







Dois escritores de peso: Luiz Carlos Amorim e Wilson Gelbcke.

Visite o blog: www.luizcarlosamorim.blogspot.com do poeta Luiz Carlos Amorim e leia as encantadoras palavras deixadas para nós.
Agradeço a todos meus alunos pelo trabalho realizado em sala e pela presença no sábado(11/04/10)
Poeta querido, deixo para você uma mensagem que recebi e lembrei dos bons momentos de risos, conversas que tivemos no sábado em minha casa.
Posso garantir que saudade desse tempo não teremos a nossa casa sempre está aberta para você, sua família e amigos. Com carinho.

Saudade...


José Antônio Oliveira de Resende

Professor de Prática de Ensino

de Língua Portuguesa,

do Departamento de Letras, Artes e Cultura,

da Universidade Federal de São João del-Rei.

Sou do tempo em que ainda se faziam visitas. Lembro-me de minha mãe mandando a gente caprichar no banho porque a família toda iria visitar algum conhecido. Íamos todos juntos, família grande, todo mundo a pé. Geralmente, à noite.
Ninguém avisava nada, o costume era chegar de paraquedas mesmo. E os donos da casa recebiam alegres a visita. Aos poucos, os moradores iam se apresentando, um por um.
– Olha o compadre aqui, garoto! Cumprimenta a comadre.
E o garoto apertava a mão do meu pai, da minha mãe, a minha mão e a mão dos meus irmãos. Aí chegava outro menino. Repetia-se toda a diplomacia.
– Mas vamos nos assentar, gente. Que surpresa agradável!
A conversa rolava solta na sala. Meu pai conversando com o compadre e minha mãe de papo com a comadre. Eu e meus irmãos ficávamos assentados todos num mesmo sofá, entreolhando-nos e olhando a casa do tal compadre. Retratos na parede, duas imagens de santos numa cantoneira, flores na mesinha de centro... casa singela e acolhedora. A nossa também era assim.
Também eram assim as visitas, singelas e acolhedoras. Tão acolhedoras que era também costume servir um bom café aos visitantes. Como um anjo benfazejo, surgia alguém lá da cozinha – geralmente uma das filhas – e dizia:
– Gente, vem aqui pra dentro que o café está na mesa.
Tratava-se de uma metonímia gastronômica. O café era apenas uma parte: pães, bolo, broas, queijo fresco, manteiga, biscoitos, leite... tudo sobre a mesa.
Juntava todo mundo e as piadas pipocavam. As gargalhadas também. Pra que televisão? Pra que rua? Pra que droga? A vida estava ali, no riso, no café, na conversa, no abraço, na esperança... Era a vida respingando eternidade nos momentos que acabam.... era a vida transbordando simplicidade, alegria e amizade...
Quando saíamos, os donos da casa ficavam à porta até que virássemos a esquina. Ainda nos acenávamos. E voltávamos para casa, caminhada muitas vezes longa, sem carro, mas com o coração aquecido pela ternura e pela acolhida. Era assim também lá em casa. Recebíamos as visitas com o coração em festa.. A mesma alegria se repetia. Quando iam embora, t ambém ficávamos, a família toda, à porta. Olhávamos, olhávamos... até que sumissem no horizonte da noite.
O tempo passou e me formei em solidão. Tive bons professores: televisão, vídeo, DVD, e-mail... Cada um na sua e ninguém na de ninguém. Não se recebe mais em casa. Agora a gente combina encontros com os amigos fora de casa:
– Vamos marcar uma saída!... – ninguém quer entrar mais.
Assim, as casas vão se transformando em túmulos sem epitáfios, que escondem mortos anônimos e possibilidades enterradas. Cemitério urbano, onde perambulam zumbis e fantasmas mais assustados que assustadores.
Casas trancadas.. Pra que abrir? O ladrão pode entrar e roubar a lembrança do café, dos pães, do bolo, das broas, do queijo fresco, da manteiga, dos biscoitos do leite....
Que saudade do compadre e da comadre!


Não deixe de fazer algo de que gosta, devido à falta de tempo, pois a única falta que terá será desse tempo que, infelizmente, não voltará mais.
MÁRIO QUINTANA



7 comentários:

Anônimo disse...

Adoro ler livros, neste momento estou a ler "SIM, SIM! NÃO, NÃO" do Pe. Jonas Abib...
Tenha um Fim de Semana iluminado...
abraços!

Unknown disse...

Vim agradecer pela sua visita ao meu simples espaço. E deparo-me com esse recanto aprazível cheio de cultura.Serei seguidor do mesmo um abraço desse velho gaúcho.

Jorge disse...

Na minha infância, as visitas eram sempre ansiadas, quando mais não fosse, pela antevisão das guloseimas com que a dona da casa nos iria deliciar.

Anônimo disse...

realmente... me lembro muito das visitas que fazíamos na casa dos Pais de minha Madrinha Cecília Oliari, não me sai da mente o café da tarde com rosca e com queiijinho branco e melado de cana por cima, depois íamos brincar com as crianças da casa, pelos grandes pastos a correr.... saudades das visitas de antigamente.
parabéns parabéns, sempre criativa, né Mariza.
beijos em seu coração.
Beti - Curitiba - PR.

Angela disse...

Angela Giacomassa -2°1

Amei o poema, é verdade... hoje em dia deixamos de ter contato e vizitas em casa. Isso realmente faz falta. Até mesmo de juntar as amigas numa tarde de chuva pra falar besteira e tomar chocolate quente... huum, como isso me faz falta! Beijos Sooora! A feira estava ótima mesmo :D amei a ideia de ter musica, ano passado fez falta, a feira tava meiio silenciosa

Anônimo disse...

Mariza !
Parabéns pelo novo visual de seu Blog, ficou mais sereno e deu um ar de tranquilidade, amei.
Quanto a feira de livro, apesar dos pesares , digamos que estava legal, kkkk.
beijos em seu coração.
Beti - Curitiba - PR

Abel Sidney disse...

Que maravilha este Saudades, Mariza! Precisamos de recuperar a vida simples e boa dos tempos antigos em alguma medida.

Abs,
Abel