Recebi via e-mail um pedido de Roberta Clarissa Leite- ela escreve sobre educação e literatura. Estou divulgando o trabalho dela. Partilhar novos saberes é nossa missão.
Poesia e recital , uma forma de aprendizado
A chamada poesia oral, aquela que
é escrita para ser lida ou interpretada em voz alta foi uma herança vinda de
longe para o nordeste brasileiro. Na Idade Média os menestréis ou jograis no
Velho Mundo caminhavam cantando suas loas e recitando sua rimas para o público
que passava pelas ruas.
Poesia ritmada, com regras de
métrica, rima e oração, impressa em pequenos livros de poucas folhas, na capa
uma imagem de uma xilogravura e o conteúdo recheado de humor, crítica ou
romantismo. As feiras e mercados
públicos foram o palco inicial para artistas que abraçaram essa arte e que
perpetuaram na cultura essa forma de poetizar.
A introdução dessas regras da
construção poética ganhou força ao se unir com a criatividade do brasileiro. O
folheto de cordel é um exemplo. O contato da poética feita pelos portugueses e
tradições locais do Novo Mundo desenharam o que chamamos hoje de cordel ou
folheto de feira.
No início essa arte era
representada por poetas do povo, digamos, às vezes iletrados, mas dotados de
uma inteligência natural e, como se diz no nordeste, “sabedor”. Eram eles os
repórteres que levavam informação e notícias para os rincões do Brasil, sem TV
ou rádio na época.
Atualmente o quadro mudou.
Universitários e diversos profissionais tomaram gosto pela arte do cordel e a
produção ganhou força nos últimos 10 anos no Brasil. Cursos em várias faculdades brasileiras discutem essa
temática em trabalhos acadêmicos e cordéis são também traduzidos para a língua inglesa e
enviados para fora do Brasil.
Escolas abrem as portas para
poetas ensinarem os segredos de uma poesia perfeitamente metrificada e com a
cadência necessária para ter musicalidade ao ser lida em público e para prender
a atenção do ouvinte. O poeta cearense Patativa do Assaré foi um exemplo das
letras com sua poesia nua e rica em detalhes da vida do homem comum, da roça,
do povo, do nordeste, do “forte” como dizia Euclides da Cunha, em seu Os
Sertões – “O sertanejo, antes de tudo, é um forte”.
Irmão da cantoria de viola,
repente feito pelo artista chamado de violeiro, o cordel é também conhecido
como poesia de bancada, o paraibano Leandro Gomes de Barros(1865-1918) foi o
grande representante dessa literatura com seus mais de 200 folhetos publicados.
Grandes artistas da MPB também
utilizam modalidades dessa arte em suas músicas como Zé Ramalho, Elba Ramalho e
Alceu Valença ao gravarem martelos agalopados, sextilhas ou decassílabos.
O renomado poeta pernambucano
Manuel Bandeira ao fazer parte de um evento de cantadores de viola, escreveu:
" Saí dali convencido
"
Que não sou poeta não;
Que poeta é quem inventa
Em boa improvisação
Como faz Dimas Batista
E Otacílio seu irmão;
Como faz qualquer
violeiro,
Bom cantador do Sertão,
A todos os quais humilde
Mando minha saudação.”
O poema faz referência
também aos irmãos Batista, poetas do Vale do Pajeú, sertão
pernambucano e foi publicado em 1956, no Jornal do Brasil.
Não é difícil
apresentar essa arte aos alunos e fazê-los produzir um cordel com um
tema de livre escolha.
Você já trabalhou
cordel em sala de aula?
2 comentários:
No final da década de 1960, fui apresentado à literatura de cordel, em minha passagem pelo nordeste brasileiro.
Uma novidade para mim, a grande variedade e riqueza desta manifestação cultural típica daquela região!
Boa lembrança, Mariza!
Olá educadora Mariza, boa tarde!
Talvez eu esteja por aqui pela segunda vez trazendo um convite a você para fazer parte do Projeto Educadores Multiplicadores. O objetivo do projeto é unir e divulgar blogs de educadores.
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